Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia, Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
Fernando Pessoa - Ricardo Reis, in "Odes"
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