25 fevereiro 2011

Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as
margens que o comprimem


Bertold Brecht

22 fevereiro 2011

Myungjin Kim, cerâmicas narrativas

Nascida Seoul( Korea) Myungjin Kim  vive e trabalha nos Estados Unidos. As suas peças concebidas conceptualmente para narrar vivências visuais com múltiplos pontos de vista são ilustradas com desenhos de intrincado realismo, cria estéticas inusitadas.
 
 

 
“Since I was an undergraduate student, I have been interested in the theme of lightness. Lightness can be explained as delightfulness, or peacefulness of mind.
I tried many different ways to express my own aesthetic interests in the past years and I think I finally found right way, hand painted porcelain vessels. The idea of vessels and containment are very important to me. As the human body holds physical form and spirit or personality which gives it’s essential element through life, vessels are given a life through their intended purpose by maker and interaction with user. I create vessel forms and paint images on them that establish a dramatic space that is both real and surreal. 

I make decision on what forms to make instinctively. The birdcage, bird nest, terrarium, perfume jar and lab glass jar are vessels that are originally made out of the material that one can see through so you simultaneously see the outside form and inside space. I am intrigued by this and I create outside/inside surrealistic dramas with multiple point perspectives related to the shape and usage of vessel .

The narratives came from ideas between the real and imaginary worlds which I purposefully intertwine. Each image implies symbolic meaning related to the vessel and life’s experience.”-  Myungjin Kim,




20 fevereiro 2011

CAVATINA

Obstruído o caminho da transparência
só me resta reunir os fragmentos do sol nos espelhos
e com eles junto ao coração
atravessar indiferente a desordem matinal dos mastros.
Quando mais envelheço mais pueril é a luz
mas essa vai comigo.
Eugénio de Andrade

17 fevereiro 2011

a insustentável leveza das jóias naturais de Ceca Georgieva

A artista têxtil búlgara Ceca Georgieva cria jóias eco-chiques com matérias naturais duma beleza extrema. Promotora do design verde, constrói peças a partir de folhas frescas, ervas e frutos recolhidos do Monte Vitosha, em Sofia. Profundamente admiradora da “sabedoria” da natureza, com quem diz estar em permanente  aprendizagem , fundou em 1994 o Simpósio Internacional "Artista-Natureza", e tem sido premiada  nas mais diversas e prestigiadas competições internacionais.






 
 




13 fevereiro 2011

Amo-te Muito, Meu Amor, e Tanto

Amo-te muito, meu amor, e tanto
que, ao ter-te, amo-te mais, e mais ainda
depois de ter-te, meu amor. Não finda
com o próprio amor o amor do teu encanto.

Que encanto é o teu? Se continua enquanto
sofro a traição dos que, viscosos, prendem,
por uma paz da guerra a que se vendem,
a pura liberdade do meu canto,

um cântico da terra e do seu povo,
nesta invenção da humanidade inteira
que a cada instante há que inventar de novo,

tão quase é coisa ou sucessão que passa...
Que encanto é o teu? Deitado à tua beira,
sei que se rasga, eterno, o véu da Graça.


Jorge de Sena, in “Poesia, Vol. I” 

11 fevereiro 2011

As rendas de Cal Lane

Cal Lane transforma objectos de ferro em delicadas rendas, duma beleza quase difícil de suportar. Feitas a partir de resíduos banais de ferro, usando a técnica de solda e ferramentas de corte, cria delicados padrões rendados. Os objectos escolhidos para o seu trabalho são provenientes de lixo industrial e doméstico, tais como: velhos tambores de óleo, pás, pedaços de máquinas e de automóveis, etc.
Cal nasceu no Canadá, estudou e vive em Nova York.









 "Meu novo trabalho tornou-se mais político, a consequência de viver num tempo de guerra e do sentimento de culpa como espectadora. Na peça intitulada" “Filigree Car Bombing”,o aço esmagado do carro é cortado em finas rendas a criar uma cortina de perturbação e tristeza, um conflito de atracção para o trabalho da fantasia jogada com a atracção de uma imagem horrível."
"Na minha exposição" Crude ", foquei a relação de Deus e do Petróleo. Este trabalho consiste numa série de latas de óleo que foram abertas sob a forma de uma cruz ou uma planta de catedral gótica. As latas são então cortadas como ícones  cristãos medievais. Fine, como o papel rasgado, a borda recortada do metal fina torna-se tanto uma imagem antiga como contemporânea, assim, atraente tanto para aqueles que se agarram à história,como para aqueles que a ignoram. "Cal Lane




07 fevereiro 2011

O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda

02 fevereiro 2011

o talento de Benjamin Lacombe

Benjamin Lacombe é um ilustrador extremamente talentoso. Nasceu em Paris em 1982, graduou-se na "Ecole Nationale Supérieure des Arts Décoratifs de Paris". Ainda estudante publicou o seu projecto final de curso que foi igualmente o seu primeiro livro ”Cerise Griotte”.Desde então já publicou mais 12 livros, alguns dos quais como autor e ilustrador. Em 2007 foi nomeado como um dos 10 filhos melhor livro de 2007 nos E.U.A.

Benjamin vive e trabalha em Paris com o seu cão Virgile, que usa muitas vezes nos seus livros como modelo.


Ilustrações do livro”Cerise Griotte”.

É a diversidade de registos ,a multiplicidade de recursos técnicos ,a grande qualidade de desenho que me torna entusiasta apreciadora do seu trabalho; o conjunto de ilustrações de cada livro transporta-nos para um imaginário gráfico novo e muito expressivo.
mais ilustrações


01 fevereiro 2011

Só se Cria na Diversidade

Todos os pensamentos que renunciam à unidade exaltam a diversidade. E a diversidade é o local da arte. O único pensamento que liberta o espírito é aquele que o deixa só, certo dos seus limites e do seu fim próximo. Nenhuma doutrina o solicita. Ele espera o amadurecimento da obra e da vida. Separada dele, a primeira fará ouvir, uma vez mais, a voz levemente ensurdecida de uma alma para todo o sempre liberta da esperança. Ou nada fará ouvir, se o criador, cansado do seu jogo, pretende afastar-se. Tudo isso se equivale.

Albert Camus, in "O Mito de Sísifo"